O chefe da Polícia Municipal detido, esta terça-feira (17/06/025), pela Polícia Judiciária (PJ), na Operação “Desarme 3D”, esteve envolvido, há 13 anos, na morte de um assaltante, em Campolide, Lisboa. *
Atualmente com a categoria de
chefe, em 2012, Bruno Gonçalves chegou a ser suspeito de homicídio do jovem
Fávio Rentim, então com 18 anos, mas o caso, apesar de algumas incongruências,
acabaria arquivado pela Inspeção geral da Administração Interna (IGAI) e pelo
Ministério Público.
O agente da PSP justificou o
recurso à arma de fogo para travar o assaltante com o “medo” provocado por
alguns movimentos de Flávio Rentim, que o levaram a pensar que o suspeito teria
uma arma de fogo na sua posse. Esta tese seria, já em 2013, validade pelo
Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP), arquivando o
processo. Para a procuradora Ana Trindade, “perante a convicção séria de perigo
para a sua vida, parece-nos que o uso da arma de fogo revelou-se absolutamente
necessário”, referindo que a conduta de Bruno Gonçalves se enquadrou na
“legítima defesa”.
Admitindo que o agente da PSP
poderia ter efetuado um disparo para uma zona não vital do jovem, a procuradora
referiu, contudo, que Bruno Gonçalves não teve “condições psicológicas nem
físicas para, com frieza, calcular o disparo”.
A IGAI também arquivaria o caso,
apesar da versão de Bruno Gonçalves não ter sido coerente. Num primeiro
momento, referiu ter efetuado um disparo involuntário devido à utilização de
luvas de couro que lhe retiravam a sensibilidade. Entretanto, num novo
depoimento, o agente da PSP acrescentaria “inclinar-se mais para o facto de o
disparo ter sido uma reação instintiva de auto-preservação”.
Esta terça feira, Bruno
Gonçalves foi detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de integrar o
Movimento Armilar Lusitano, uma organização de extrema-direita, suspeita de
atividades terroristas e alteração violenta do Estado de Direito. Nas buscas, os inspetores da PJ foram
surpreendidos com a qualidade dos explosivos encontrados: TNT PE4A e algumas
granadas. O “achamento” levou a que a unidade de explosivos da GNR tivesse que
ser acionada para a recolha dos mesmos.
As autoridades emitiram 15
mandados de busca e apreensão, domiciliárias e não domiciliárias. Investigados
há quatro anos pelo Ministério Público e a Polícia Judiciária, o grupo
Movimento Armilar Lusitano (MAL) chegou a provocar algum pânico entre os
investigadores quando, alguns dos seus membros, falaram ao telefone sobre a
possibilidade de invadir a Assembleia da República.
A PJ começou a investigar o
grupo devido à deteção de manifestações de ideologias nacionalistas e de
extrema-direita radical e violenta, nas redes sociais, que incentivam à
discriminação, ao ódio e à violência contra imigrantes e refugiados. A
investigação desenvolvida pela Unidade Nacional Contra Terrorismo desencadeou a
operação “Desarme 3D”.
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